A casa velha
Uma saudade (...)
Volto à casa velha.
Tac-tic, tac-tic
Um homem e três meninos,
congelados num sorriso,
esperam um flash.
Na madeira flutua gente.
Espiam almas; cruas, nuas.
Avante! Adiante tem vida e água.
Lá estão os negrinhos do Zé Preto.
Olha o barco do Zé!
Tem santo, esperança e pranto.
A árvore sabe que já estive lá,
que já fui homem-aranha,
que andei na terra com um olho só.
Sigo pela estrada que sobe para o céu,
perto do caminho dos buritis,
na ponte caída.
Esquina da esquina.
Lá onde cabem poemas inteiros,
sem dieta.
Onde o quando, o horizonte e o amor
não fazem rima com a dor,
ó poeta.
Lá não demora mais que uma vontade,
um vou... Estou.
Chega, enche, devora.
Mora.
Mora só um pouco... Grande.
Mas ri com a gente
de tudo que é... de repente;
O vazio absoluto...
Tão povoado e surdo.
Me mudo por só agora;
nem antes, nem depois.
Nem nunca mais,
porque não pode ser de novo.
.
Lugar relativo de confusão (é o tempo);
(que) se aperta, se achega, se estica...
Mente.
Chego da viagem
e encontro três homens e um menino
esperando um flash.
Tic-tac, tic-tac...