A casa velha

Uma saudade (...)

Volto à casa velha.

Tac-tic, tac-tic

Um homem e três meninos,

congelados num sorriso,

esperam um flash.

Na madeira flutua gente.

Espiam almas; cruas, nuas.

Avante! Adiante tem vida e água.

Lá estão os negrinhos do Zé Preto.

Olha o barco do Zé!

Tem santo, esperança e pranto.

A árvore sabe que já estive lá,

que já fui homem-aranha,

que andei na terra com um olho só.

Sigo pela estrada que sobe para o céu,

perto do caminho dos buritis,

na ponte caída.

Esquina da esquina.

Lá onde cabem poemas inteiros,

sem dieta.

Onde o quando, o horizonte e o amor

não fazem rima com a dor,

ó poeta.

Lá não demora mais que uma vontade,

um vou... Estou.

Chega, enche, devora.

Mora.

Mora só um pouco... Grande.

Mas ri com a gente

de tudo que é... de repente;

O vazio absoluto...

Tão povoado e surdo.

Me mudo por só agora;

nem antes, nem depois.

Nem nunca mais,

porque não pode ser de novo.

.

Lugar relativo de confusão (é o tempo);

(que) se aperta, se achega, se estica...

Mente.

Chego da viagem

e encontro três homens e um menino

esperando um flash.

Tic-tac, tic-tac...

Borboletas azuis
Enviado por Borboletas azuis em 11/01/2019
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