Lá na praia onde larguei o meu barco

Se no final tiver sorte, volto cremado

à praia da Gamboa.

Volto ao meu lanho aberto, meu pasto,

meu lugar na glória efêmera da vida.

Neste dia, no tilintar dos ponteiros

ao alarde da hora, tudo ficará

como deverá estar: fulgente e resoluto.

Minha vida, porção de tempo

disposta em dias de luz e agonia,

estará selada em cinza sob o sal

onde abençoei minha cabeça

e entreguei minha alma em devoção

aos ritos infinitos.

Não desejarei nada. Não terei nada.

Temerei a Deus, enfim estarei livre.

Grouchesco
Enviado por Grouchesco em 15/10/2019
Código do texto: T6770308
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