[ sem título #11 ]
com três cordas
de aço
& três cordas
de nylon
se produzia
melodia
naquele
violão.
se afinado
ou não
— se ouvia
a minha
tentativa
de recordar
aulas
antigas;
a minha
tentativa
de dedilhar
alguma canção
estrangeira
ou brasileira
que outrora
se lia
nas folhas
impressas:
acordes
& refrãos
& a pausa
necessária
para que
os acordes
anteriores
se dissipassem
para os seguintes.
tempos aqueles
de prática
& captadores
& andanças pelas lojas
de instrumentos
musicais
a buscar
cordas
e afinadores
eletrônicos
& a ver
como as guitarras
e os violões
eram caros
e como mofavam
naquele ar-condicionado
e como apodreciam
suspensos;
Stratocaster,
Flying V,
Les Paul, Warlock,
Ibanez, Telecaster,
Gibson, Fender,
SG;
Steve Vai, Satriani,
Malmsteen,
Hendrix;
Humbucker,
Single Coil,
Floyd Rose,
Tremolo,
Alavanca,
Chave Seletora,
a distorção do pedal:
tantos nomes,
que
agora
— por conta
do dedilhar
de um violão —,
ressurgem
em mim:
não como açúcar
na polpa
da fruta,
mas como flor
que lentamente
se apaga
sem
se esquecer:
porque
m
e
m
ó
r
i
a,
porque
s
o
n
o
r
a.