Barquinho de papel

Peter Pan no barquinho de papel

Guida Linhares

Aquele barquinho de sonhos,

que quando menino ainda,

transformei de um simples e branco papel.

Carinhosamente as dobras,

foram dando forma à fantasia,

pelos meus dedos ávidos do resultado final.

Era um pequeno barquinho, mas cheio de elegância,

encheu-me os olhos de alegria.

Corri para junto do rio que canta,

loas à natureza toda prosa,

e ali me juntei à sinfonia maravilhosa,

sentando-me às suas margens,

e como um ritual infantil,

onde o "faz de conta" nos transporta,

quiz navegar à Terra do Nunca.

Me senti o próprio Peter Pan,

lançando velas no mar aberto,

rumo a novos mundos e sonhos,

dentro daquele simples barquinho.

Deitei na relva macia

e meus olhos acompanhavam

os suaves movimentos,

naquelas águas claras e plácidas.

De pé na proa, Peter Pan delirava.

Sentia-se o dono do mundo!

Todo o oceano a seus pés,

sucesso, glória, mil amores.

A vida descortinando todos os momentos

e Peter Pan, bravo jovem

a ganhar todas as batalhas da vida.

Sonhos condecorados,

rumos tracejados, em tudo

Peter Pan sentia-se feliz, realizado.

E nesse olhar, fixo no horizonte,

nem se apercebeu que

o barquinho de papel era frágil,

e quando o rio cascateou

em uma pedra do caminho,

o pequeno barco afundou!

E o menino se deu conta,

de que não era mais Peter Pan

e nem havia chegado ao seu destino,

mas que poderia, anos mais tarde,

recordar-se de que,

numa tarde calma, na beira do rio,

lançou seu barquinho de papel,

rumo à Terra do Nunca,

mas como um bravo soldado,

a Terra do Sempre

era seu destino já traçado,

pela sábia eternidade!

Santos/SP - 28/09/07

***

Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 04/10/2007
Reeditado em 05/10/2007
Código do texto: T680140
Classificação de conteúdo: seguro