Sonhos de verão
Como um rio...
Se arrasta em leveza para o mar,
Como a correnteza...
Me leva, nos leva... Sem levar.
Em silêncio, teu olhar ressoa,
Compreende a imensidão que se rasga no ar.
Nada é definido, tudo é encontrável.
Te encontrei...
Nossas almas foram beijadas pela indizível
Dor que sustenta nossos ombros exaustos, calados.
O acaso cercou nossos corações!
Somos todas as partículas gritantes
Duma solidão sem fim,
A fim de ser a reticência incansável das solidões.
Eu te encontrei.
Ainda que,
Por uma fração de segundo,
Nossos corpos se cruzem à beira duma
Passagem estreita,
E o amor implore apenas por compaixão,
Teu riso trará o sol ao se abrigar da chuva,
Teu olhar sorri em chuva,
Transborda sol ao encontrar-me inscrita
Nestes teus sonhos de verão.
Eu fico a contemplar tal trágica beleza
Em teu riso e olhar.
Te sufoco e afogo,
Afogo sabendo que...
Somos o rascunho duma história bonita,
Nunca sentida...
Quem sou? Nunca saberás!
Alguém que passou... Alguém que irá te ler e nunca, nunca mais voltará.