MOENDA DE MEL

MOENDA DE MEL - João Nunes Ventura-03/2020

No sertão fui um menino

Que escutei o passarinho

E senti o cheirinho do mel,

No melaço delícia da cana

A bebida nobre e soberana

Da minha terra o meu céu.

Meninas da minha cidade

Todas lindas que saudade

Os olhares se espalhando,

Ao som de suas melodias

Elas cantavam de alegrias

Pelos terreiros dançando.

Minhas auroras no canavial

No lindo canto não há igual

Garapa da cana bom sabor,

Na caldeira cheiro e doçura

No tacho de mel a rapadura

Saudade do sertão de amor.

Moenda a minha fascinação

Em criança que recordação

E que bom no fabrico do mel,

Abelhinha lá logo se satisfaz

Então no zumbido que ela faz

Alegre volta pra sua colmeia.

E o condutor segue cantando

Dupla de bois vão circulando

Ao redor desse antigo moinho,

Logo cansados trabalho duro

Assim o mel escorrendo puro

Para a gamela desce fluindo.

A madrugada vem chegando

O aroma bom que vai ficando

É da cana que vem do chão,

Terra molhada chuva caindo

E o vapor na chaminé saindo

Saudade povoa meu coração.

Na fazenda amor e felicidade

E a moenda a minha saudade

Deus como eu era feliz assim,

Eu vejo encantadora morena

Com seu olhar belo e serena

Que doçura sorrindo pra mim.

Nas minhas andanças pelo meu sertão querido, eu fui rever antigas lembranças, jovem passei um final de semana na moagem da cana de um amigo do meu pai, (hoje a casa velha da antiga moenda está em ruinas). Eu vi dupla de boi circular com a canga rodando o engenho para extrair a garapa para produzir rapadura, mel e alfenim. Adorava ver as mocinhas lindas que vinham de outros lugares, foram três dias inesquecíveis que guardo na lembrança, e inspirado naqueles tempos deixo um poema escrito cujo título é MOENDA DE MEL.

João Nunes Ventura
Enviado por João Nunes Ventura em 03/03/2020
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