SOCORRO FUI SEQUESTRADO!

Sonhei que chovia muito

no cortiço que morava

e eu ficava na sacada

pois morria de calor.

Chovia muito sem parar

e a água já acostumada

sabia, de olho fechado,

se escapar pelo corredor.

Agora o mais intrigante,

se ainda interessa você,

foi ver minha vizinhança

suplicando com tanta fé.

Com as mãos feito concha

e seus braços estendidos,

colhiam gotas de promessa

e realizavam seus pedidos.

Com trinta anos a Leonor

romântica ainda solteira,

pediu que seu grande amor

retornasse à sua lareira.

Casada e rezando voltar

a refugiada Vera Garcia,

pediu que sua Venezuela

voltasse a ser democracia.

Os turcos, recém-casados,

gritavam parecendo morrer:

Gastando com guarda-chuva

não teremos o que comer!!

Chove e chove, e seu João,

sempre só, e desempregado,

no sai para pedir emprego

nem ao jornaleiro do lado.

Eu fim, me vi num espelho,

de manos e braços, atados,

e gritando como num sonho:

Socorro! Eu fui sequestrado!

GRINGO HISPANO,

Porto Alegre, RS, Brasil.

25 de Janeiro de 2019.

OUTROS POEMAS (abaixo em "Sobre o autor", clicar em TEXTOS)

OTROS POEMAS (abajo en "Sobre o autor", clicar en TEXTOS)

Fernando Yepes Gringo Hispano
Enviado por Fernando Yepes Gringo Hispano em 30/04/2020
Reeditado em 03/05/2020
Código do texto: T6932863
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.