Alvorada de Inverno

Já voei nos mais altos céus

E de lá toquei com as pontas das minhas asas

As chamas das brasas do meu coração

Voei na brisa suave das noites de outono

E acordei na sutil e macia alvorada de inverno

Hoje um anjo sem asas, na noite abafada

Brasa sem chamas no meio dia de verão

Temo por mim por não atinar

Outro lugar onde eu vá encontrar

Quem me devolva as asas, as chamas

a brisa e a macies que perdi no caminho

O sossego e o sono, o fio e a lucidez quase esquecidos

Mas não tão longe, a luz é contida num olhar

E como complemento um sorriso veio ajuntar

Ao olhar feiticeiro um sorriso matreiro

Na doce e inesquecível silhueta do teu corpo

No inebriante perfume do teu beijo

Reencontrei na redoma o que estava perdido

Mas ai de mim agora que não te vejo

Com o coração preso num mundo iludido

Desconcertado, calado e banido

Perdi minhas asas no caminho

A força e a garra me estavam sumindo

Me achaste e mostraste as asas perdidas

Depois foste embora num sussurro do tempo

Posso agora abrir minhas asas

E após profundo suspiro lançar-me em busca dos céus