Ecoamos

Foi apenas um momento

Tão sólido que guardo no corpo feito cicatriz

Mas tão fugaz que às vezes minha mente acha que foi sonho

Tuas mãos estavam exatamente onde deveriam

E, por uma vez, tocavam todo o meu corpo sem pressa

Apenas um momento

Em que o universo virou do avesso

E derramou todo o seu êxtase para que eu me deleitasse

Para que fosse a plenitude profana que só ousei ser em pedaços

Para que apertasse teu corpo contra o meu e fugisse gemendo para o infinito

Onde só existem os movimentos contínuos dos corpos em direção ao clímax

Apenas um momento

Pelo qual eu trocava a alma que já perdi

E não pedia mais nada

Um momento que ecoaria por toda a eternidade

Para além das metáforas poéticas

Porque estaria gravado em mim, em ti e nestes versos

E ao menos um dos três há de chegar às páginas da História

Para além do espaço e do tempo

Para além dos clichês que há muito não nos contemplam

Te sigo para um mundo onde há sempre começos

Onde sorvo o sarcasmo que te escorre dos lábios e me deleito

Onde aceito teu convite, afiada, sedenta

E a escuridão nos arrasta para um momento tão infinito quanto a imaginação de um poeta

E ecoamos

Porque o brilho que acalenta nossas aventuras

Nunca irá se apagar