Manuscritos VII

A velha tinta invisível

Esbarra por todo o papel

Imagino os silêncios nesses espaços

Desaparecendo um por um...

Se soubesse encontrar as rosas

O frio não sufocaria o corpo

E os versos não afundariam no travesseiro

Quando me retirassem as palavras!

Estou procurando o rascunho

Em qual gaveta o deixei?

Se tivesse identificado

Não teriam manchado de tinta

As minhas mãos e o papel

Quem poderia ver?

Acaso alguém saberia qual tinta usei?

Os seus olhos estão abertos

Mas é incapaz de visualizar

A tinta que borra as palavras

Quando você não está

As palavras escondem entre os teus dedos

Mas não posso guardá-las em um envelope

Aprende a ver a tinta espalhada nas letras

Com os olhos de uma criança.

Se lhe retirassem o peso dos versos

Aliviaria a dormência de tuas mãos ao escrever?

Ou seguraria as palavras dentro do peito

Esquecendo do dia que respirava aliviado

Para viver no passado sem esperança?

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 04/04/2021
Reeditado em 04/04/2021
Código do texto: T7223782
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