A palavra dita pelo silêncio.
O silêncio silabado do vento.
Tudo tem expressão e movimento.

A flor lá fora baila.
As copas das árvores farfalham...
E um trinado matreiro ecoa de
um pássaro desconhecido.

A palavra dita pelo silêncio.
O sentimento encharcado de razão.
Os vetores e as metomínias colidem
dentro da inércia.

Não pude falar.
Não pude olhar.
Mas minha consciência lateja
como se extirpada fosse...
Lateja minha têmpora cansada
Do arrependimento,
da angústia.
E, desse silêncio sorvido feito xarope
para uma hemoptise que não cessa.

Depois de tanto ouvir as palavras
ditas pelo vento.
Depois de tanto colher a razão
arremessada pela tempestade.

Depois, somente depois...
Partirei, sem despedida.
Sem pieguice romântica.
Sem bilhetes,
nem a náusea entretida com nostalgia.

Tempo passou.
O medo cessou
E, as semânticas contundentes
criou hematomas
na alma do combatente.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/04/2021
Reeditado em 08/04/2021
Código do texto: T7226618
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