Estrada boiadeira

Estrada boiadeira - Marta Souza

Só as “gente das antigas”

Esse fato saberá contar,

Sobre a estrada boiadeira

Para o gado arrebanhar.

Vale do Araguaia foi cenário,

Para as maiores façanhas

Transportar toda a boiada,

Com poeira até as entranhas.

A comitiva tinha uma missão

De conduzir a grande boiada

Montando sua tropa animal,

Com a saudade ataviada.

Partindo da Cidade de Goiás

Sol a pino, no lombo da boiada

Em busca de pastos verdejantes

Pra soltar o gado na invernada.

O som do berrante era uma senha

Pra a comitiva e para o boi sinueiro,

Servia pra reunir, organizar, conduzir.

Um despertador, para o estradeiro.

Na cozinha improvisada

Arroz com carne seca e alho,

Conhecido como Maria-izabel.

Pança cheia, descanso ao orvalho.

O que era sinônimo de progresso,

Ficou guardado apenas no coração

Pois, toda a boiada é transportada

No lombo de um caminhão.

Ao som do berrante solitário

Canto tristezas dentro de mim,

São lembranças bem guardadas

Ai, que saudade sem fim!