MEUS OITO ANOS
MEUS OITO ANOS
Wilton Porto
Oh! que saudade não tenho
da aurora da minha vida
da minha infância sofrida
vida igual não quero mais ter .
Vendi doce
engraxei sapato
trabalhei no comércio
fui chefe de empresa
fui elogiado como educador
vi livros meus sendo publicados
e o humanismo flutuar em mim
mas o que me marcaram muito
foram as tantas vezes em lágrimas
sem ter o que comer.
Meu pai foi tão cedo
eu tinha apenas oito anos
e exato nesta idade
transformei-me em arrimo
e o mais doce mimo
era trabalhar e trabalhar.
Ninguém sabe o que sofri
para pegar ônibus lotado
e com fome ir estudar.
Às vezes que joguei bola na beira do rio
quando chegava em casa apanhava
no quintal de nossa casa tinha um pé de manga
onde meu pai zangado nos amarrava.
Lembranças tantas não quero tê-las
porém confesso altivo:
o amor por minha mãe
fez-me um homem decidido
e jurei para mim próprio
que lutaria para ser grande
e um dia chegaria ao pico dos Andes.
Não tenho dinheiro
tenho porém riqueza.
Sou um homem que ama
que faz sempre o bem.
Todos os dias espalho luz
e sofrer não me é um lema
contudo se hoje me vem a cruz
encaro como caminho para o progresso
para eu chegar a Jesus.
Hoje o meu lar é de fé
o Amor Supremo nos conduz.