A PASSAGEM DO TEMPO

A saudade é o sintoma mais agressivo

e misterioso da ação do tempo em nós.

Passei na rua em que fica a casa

onde moravas, fui apequenado pelo brilho

das lembranças de nossas conversas,

das histórias que vivem na memória

em livros que não escrevemos.

Éramos dois estranhos que nos encontramos

e sentamos lado a lado, talvez sonhando

com que mundo o futuro nos aguardava,

fomos felizes com o tempo que sobrava,

até irmos para lados que pareciam opostos,

nos desentendemos, hoje sei que fui cruel,

tirado o drama, a culpa já não importa.

Guardo, terno, as conversas no escritório,

das páginas dos cavaleiros do zodíaco,

das aventuras que dizíamos,

do coração adolescente,

o sorriso resplandecente, meio tímido,

que tu portavas todas as manhãs.

Hoje teu filho deve ter a mesma idade,

senão mais, de quando nos conhecemos.

Se ainda te lembras de mim,

se contará quem eu fui,

que um dia tiveste um amigo poeta

na distante terra do Paar,

não cabe a mim saber,

isto aqui nem é um poema,

é só a passagem do tempo

e sua ação sobre nós.

Dedicado a

Suellen Cristina Gama do Lago

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 23/11/2022
Código do texto: T7656361
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