Cheiro de Chuva

Qual rede trançada no vale

Ao longe relâmpagos e trovão

O tempo tingiu de cinza o céu

E desce a água no sopé da serra

Arrastando todo o infortúnio

E brincando com a vida

O medo subiu os telhados

Naquela noite sombria

O tempo era um deserto de água

Que vergava as árvores

E lavava o firmamento

Como bestas anunciadas

Deixando no roçado a destruição

E uma legião de famintos

Largados a própria sorte

E um prisioneiro das lembranças

Que mesmo distante

Ainda sente o odor

Daquele cheiro de chuva e mato