Quando se tem ilusões
Maria Antônia Canavezi Scarpa
Quando se tem ilusões, todas elas se transferem
para os contos de fadas,
translúcidos e irreais como são todos os sonhos,
sempre acompanhadas de castelos e pedras frias
erguidos no mais alto dos morros
esses que, secretamente uivam como uma sinfonia lírica
em acordes doces de uma cítara casual
O cenário que sempre deve parecer bucólico
se descortina límpido, esvoaçando para os
imensos jardins, onde se vêem bancos espalhados,
sob cheirosas pérgulas repletas de trepadeiras floridas
e ao longe, doces sons madrigais, seguem acariciando a brisa,
onde haverá o encontro do amor
com doces beijos, sem toques carnais
Tudo vem com arroubos, sempre observados
por alguém, que lá das imensas
e incomparáveis torres erigidas, observa tudo,
desde os vales que se abrem ao longe,
desdobrando-se em verdes e lindas campinas,
divididas entre ervas daninhas e incontáveis flores de campo
que audaciosas vão esbarrando em quem por elas caminhar
A necessidade de acordar, deixa de ser um privilégio
e os sonhos se incumbem de metamorfosear o tempo,
ainda mais, se essas risíveis utopias,
forem se avolumando como as brumas, em nossa alma...
no nosso sonhar; que... sem sentirmos,
vão bordando nos véus diáfanos dessa quimera,
douradas ilusões, sem tempo ou hora para acabar