TEMPESTADE NA ALMA.

Chuva intermitente,dia de tédio,vida vazia,
o tempo traz nas suas gotas um lamento...
apesar de ter em ti, a minha doce alegria,
mexe comigo,recordo tristonha meu tormento.

Lembro o infinito das águas tortuosas...
dores de infância nas enchentes do meu ser
e mais que queira afastar nuvens nebulosas,
de mim faz parte, nunca mais vou esquecer.

A tempestade sussura forte sua chegada,
anuncia noite escura em céu azul de anil...
só dá tempo de fugir trôpega da enxurrada
e perder tudo aquilo,que devagar se construiu.

Tive infância triste, marcada por esta dor.
Tudo devastado nos carinhos de meu lar.
A pobreza que tínhamos não era de amor,
hoje faço da dor, lição de vida pra contar.

Quando leio a manchete nos jornais do dia,
que a enchente foi cruel,fez tantas vítimas,
sinto no peito,dor forte ao lembrar a agonia,
dos tempos cruéis marcados na minha vida.

A maior pobreza que acomete o ser humano,
é a de espírito que maltrata e traz maldade...
cultive sempre em ti, no lugar do desengano,
o sentimento nobre de amor e solidariedade.

Sou solidária pela chuva que molha a alma,
pelo sofrimento que alguém tenha de passar,
na transição desta vida...um dia volta a calma,
aqui a regra válida é que viemos para amar.





Elen Botelho Nunes
Enviado por Elen Botelho Nunes em 04/02/2008
Reeditado em 05/04/2008
Código do texto: T845922