AO LUAR

Numa noite clara de Abril que nascia ainda,

Vi o teu rosto esculpido na branca face nua

Lá estavam os teus belos olhos brilhantes

Nos lampejos etéreos e pujantes da lua

Refletida por todo o "Mar da Tranqüilidade"

À noite que se abria ao cantar dos mornos ventos,

Retirando-me do coração tristezas e tormentos,

Me vinha a tua presença em alento e verdade

Enquanto eu caminhava pelos ermos da noite

Via o teu olhar por cada canto da solitária rua

Em todo o luar a tua presença era um açoite

A lanhar-me o dorso com o brilho morno da lua

Os meus passos ecoam distante o teu nome

Enquanto fito os teus olhos brilhantes e belos

Olho-te nos frêmitos da lua, em ternos anelos,

Para matar a saudade que impiedosa me consome

Sob o brilho límpido e sobranceiro da deusa,

As flores notívagas exalaram o teu cheiro

No instante claro em que a tua face era tudo,

Teu nome parecia ecoar pelo mundo inteiro

Vejo-te na lua que resplandece sem pejo

Ora tímida, ora fogo, em labareda transluzida

Na sinuosa noite vêm-me intenso o desejo

Enquanto vou pelas ruas da noite perdida

Ainda que me faltem as noites de luar

Ainda que me falte na vida passante

Espero, mesmo assim, para sempre te amar

E tocar tua mão e beijar-te o semblante,

Mesmo que estejas, num mágico instante,

Refletida num astro ermo e errante

Daniel Amaral

24/02/200

Daniel Amaral
Enviado por Daniel Amaral em 25/02/2008
Reeditado em 09/06/2008
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