BEM TE - VI

BEM-TE-VI

Bem-te-vi, bem te vi..

Foste tu o primeiro

A dar-me as boas vindas

Quando de minha chegada

Ao Rio de Janeiro.

Confesso que não gostava

Do teu modo gritão

Parecido com o gaio

Das minhas serras de Agadão.

Mas logo percebi,

Que eras apenas um fanfarrão,

E que só gostavas de chamar a atenção

Para ti:

Bem-te-vi, bem-te-vi, bem - te- vi.

Hoje já estou acostumado

Ao teu modo malcriado

E à ousada maneira,

Como fazes de teu o meu quintal.

Subtrais-me os frutos

Da palmeira, da nespereira

Da pitangueira e da figueira,

E, depois, ainda gritas

Que estava tudo uma delícia.

Então, recordo com emoção,

A árvore lá do botequim,

E aquele grito que agora

Soa como uma nostálgica canção:

Bem-te-vi, bem-te-vi...

(Do livro SILÊNCIOS QUE GRITAM 1999)

Eduardo de Almeida Farias
Enviado por Eduardo de Almeida Farias em 12/05/2008
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