IMAGEM
Persigo um vulto na fria madrugada
Busco em ruas e vielas noite afora
Encontro o rosto suado de uma fada
E penso estar sonhando essa hora
Apanho o néctar de riso que inda resta
Acalmo o pranto incontido que existe
Grito e acordo essa visão funesta
Envolvo em risos essa imagem triste
A mancha de um novo dia refaz
Um raio de esperança nesse rosto
Encoberta angústia, então se desfaz
Antes que haja choro, lavo-lhe o rosto
Nesse frenesi, nessa ânsia de vida
Sacode ali, em frêmitos o corpo
Desejos de viver e ser querida
Até que o choro seja fato morto
E renascida brinca de viver
Nesse sonho a fada encantada
Em risos, vozes, sons de grande prazer
Descobre-se deliciosamente amada
E aturdida percebo nessa imagem
Que se faz e refaz dia após dia
Não ser transitória e nem só miragem
Esse vulto sou eu que revivia...