Homens do Mar

“Homens do mar”

Foi num bar à beira cais

Que vi pela primeira vez

Marujos cansados de Mar:

Transeuntes aquáticos sem guelras

Ou escamas

Seres do mar sem espinhas ou barbatanas

Em terra firme

Comendo ainda peixes de lá

De onde andaram por sobre as águas

E pescaram amores com iscas de saudade

Nos anzóis das inverdades – das estórias de pescador.

Famintos, suados, rudes e falastrões

Cada qual com sua verdade de mentira

Sobre gueixas japonesas ou

Cangurus australianos

E redes cheias de ornitorrincos da Oceania

Mas muitos deles nunca saíram dos mares do Brasil

Suas mentes sim – saem sempre

Navegam por mais de sete mares e cinco continentes

Conhecem mil línguas, mil mulheres e infinitos indigentes

Mentes marujas que marejam e margeiam o infinito!

E eu ali calado os fitava com os olhos urbanos de quem navega no asfalto

E nem que eu falasse bem alto

Naquela torre de babel do encontro dos quatro cantos do mundo

Seria quiçá escutado

Ouvido

Reverenciado

Pois eu ali, era nada

Para eles eu nem ali estava...

Ninguém estava...

Nem eles estavam...

Porque para sempre, aqueles homens transeuntes aquáticos sem guelras

Estariam no mar

Mesmo em terra firme, eles estavam no mar.

Rodrigo Augusto Fiedler
Enviado por Rodrigo Augusto Fiedler em 29/06/2008
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