Loba...

Sou a filha bastarda do Lobo e da Lua...

O Lobo seduziu a Lua com seu uivo,

Que embrenhou durante a noite,

E traiu o Sol.

Gerou essa mulher loba.

E me jorra ao mundo com dor...

Com corpo de mulher,

E alma de lobo.

Chego à terra fértil faminta,

Desperto,

E apuro meu faro e meu paladar...

Vou à caça de presas belas e fáceis,

Rasgo as roupas,

Mordo a carne,

Devoro os seios, possuo a boca,

Lambo o sumo das estranhas,

Que escorrem em minhas garras,

Sacio-me do corpo,

Lavo-me no gozo,

E adormeço extasiada,

Metade mulher, maldito lobo...

E a Lua gelada e envergonhada,

Do fruto hibrido do seu pecado,

Esconde-se na alvorada.

E surge o Sol...

Furioso e Traído.

Que me dissolve,

Com sua língua de fogo.

Lambendo-me

Pés, pernas, sexo, entranhas...

E meu abdômen hibrido e seco,

Sugando-me os seios,

E possuindo-me a boca.

E me faz parte Dele,

Estou em seu âmago,

E meu sangue é o tom alaranjado do seu corpo.

Eis a sua vingança.

Apossa-se da filha bastarda do Lobo e da Lua,

Todas as manhãs,

E toda a noite me joga por terra...

Condenando-me a minha saga maldita...

De carne e de sangue.

Envergonhando minha mãe Lua.

Princesa Lara
Enviado por Princesa Lara em 01/07/2008
Reeditado em 31/05/2017
Código do texto: T1059282
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.