MORTO VIVO

Morto vivo

Um vulto cambaleante, perambula pelas ruas

Andando a esmo, talvez recordando saudades suas

Pode ser que seja daqui mesmo, não se pode afirmar

Pode talvez, Ter vindo de outro lugar

A noite é turva, noite sem lua

Perdido, anda na calçada, anda na rua

Em determinado lugar, fica à observar

Com passos trôpegos, se dirige a um bar

Aproxima do balcão, onde homens bebem

Pede, gesticula, os outros não cedem

Acabrunhado primeiro,nervoso à seguir

Se dirigea porta, propenso à sair

Lembranças lhe ivadem a mente

Fora um bom freguês, ótimo cliente

Na desventura, tudo muda, se transforma

Só tem uma saída, se enforcar com uma corda

Procura em vão, a corda para sua solução

Nada encontra , só aumenta a desolação

Suicídio é coisa séria

O pior é viver na misésria

Quando isso acontece tudo começa a mudar

Os amigos desaparecem, outros tem que procurar

No jogo pode-se ganhar ou perder

Mas o que perder,se não tem o que jogar?

Mais calmo e conciente, entra numa porta à sua frente

Tentando tudo esquecer, mas sem conseguir beber

Vagueia lentamente por um cômodo que se assemelha familiar

Encontrando um divã, po~e se a descansar

Num espaço de tempo pequeno, num quadrado qualquer

Vê um afigura refletida, parece algo familiar

Aproxima-se do móvel, por cima do aparelho

E vergonhosamente se vê refletido no espelho.