Fantasmas
Fantasmas
Por trás dos muros das casas,
atrás das paredes e biombos,
existem almas cercadas
por muros, paredes, biombos.
Nos escombros desses muros,
dessas casas derrubadas, vês?
Existem almas condenadas,
fantasmas inconformados
que se ocultam mostrando-se vivos
carregando os grilhões de uma existência vazia.
Sois ti uma destas almas
que atormentam as moradias?
Que se ocultam por trás desses muros insólitos,
dessas paredes frias, desses biombos rasgados?
Se fores um fantasma vivo,
cuida-te que não te custa a morte.
Enterrar-te-ão por trás dessas mesmas paredes
que por tanto tempo tens fingido viver.
E ao apodreceres, tua carne será pasto de vermes
e teus ossos virarão pó
e ainda assim continuarás a existir
por trás dessas frias paredes.
E habitarão em tua moradia
vidas vazias e sem sentido
que tornar-se-ão fantasmas
sem a vaga lembrança de tua inútil existência.
Mauro Gouvêa
Campinas, 1991