A costureira
Tanta agulha perfurando os punhos,
Num olhar profundamente estranho.
Tanta linha amarrando os braços,
Tantos embaraços costurando tudo.
Entre um nó e outro, quantos assassinatos
Foram escondidos sob tanto pano?
Sem tesoura, há sempre um emaranhado,
Mas se houver cortes, há o incompleto.
Daí as amarras como algemas
No vaivém dos dedais.
Agulhadas desconcertando o silêncio
E consertando a moda,
Abandonada sobre o sangue dos tecidos.