A costureira

Tanta agulha perfurando os punhos,

Num olhar profundamente estranho.

Tanta linha amarrando os braços,

Tantos embaraços costurando tudo.

Entre um nó e outro, quantos assassinatos

Foram escondidos sob tanto pano?

Sem tesoura, há sempre um emaranhado,

Mas se houver cortes, há o incompleto.

Daí as amarras como algemas

No vaivém dos dedais.

Agulhadas desconcertando o silêncio

E consertando a moda,

Abandonada sobre o sangue dos tecidos.

Tom Lazarus
Enviado por Tom Lazarus em 27/08/2008
Código do texto: T1148287
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