A Rua Nua
A Rua
Quase nua,
Encoberta apenas com a penumbra matinal
Deixa entrever seus contornos naturais
Enquanto apagam-se as luzes artificiais
Que a velaram durante a longa noite
Solitária em que permaneceu deserta
E, provocante se mantém aberta
A todos os andantes
- os viajantes
Que inconscientes de seus encantos
Subjugam-na com seus tamancos
- Com suas passadas incertas,
Ou com seus sinistros volantes.
Mas os que conhecem todos os cantos
trancos e barrancos,
Regalam-se de prazer
- o cão, a meretriz, o travesti, o pedinte
O sedutor ou o rebelde adolescente;
Usufruem do fascínio explicito
E embevecidos nas possibilidades
Quase reais e presentes,
Gozam da promíscua liberdade
Até o dia seguinte.
Lisa -15.07.08