Delírio de Poeta

Vai bruxa dos medos meus

Abandona essa carcaça vadia e morta

Que me deixa sem coragem da noite

Onde como açoite ladra um cão

Amedrontado meu coração palpitante

Com mais de cem batimentos avante

Arrepia os sentimentos de minh'alma, fria e nervosa

Que de tão rancorosa sofre na escuridão

* * *

Toca vento uivante e sestroso

Quer acalmar este parco pranto

Que nem semblante de infante

Na ponta da mira inimiga no fronte

Escasseia o alento de ontem

Que parte deste pobre ignorante

espreitando um susto ruidoso, choroso

Duma mãe que fica aflita em casa

* * *

Empurra vigoroso penhasco final

Este mendigo das noites frias

Passando de ponte em ponte

Comendo na mão de feirante

Mata este pedinte sem compaixão

Não merece ter outro fim não

Nem merece ser enterrado ao caixão

Tem coragem, deixa pros abutres no chão

Orlando José Machado
Enviado por Orlando José Machado em 20/09/2008
Reeditado em 21/09/2008
Código do texto: T1187229