Universo particular
Um bêbado fotografa o silêncio
nas ruas vazias da cidade
e nas costas
o peso da vida carrega
noite, solidão e delírios
nas esquinas
açucenas e ilusões.
As próprias ruínas dilaceram
as demências, vaidades.
Percurso de um poema livre.
Aceso nos faróis sujos de metáforas.
No mar de um universo particular
sem conceitos e eflúvios.
O poeta retrata as belezas de Miró.
As cores e o surrealismo de Salvador Dalí.
A loucura de Rimbaud e o erotismo de Safo.
Nas iluminuras
o escuro ilumina-te
nas telas e janelas sempre abertas
nascem borboletas,
lírios e gozos florescem
entre quatro paredes.
Onde os anjos se escondem
e fazem amor.
E eu te invento,
Oh realidade!
Assim diria Clarice Lispector
se ainda estivesse entre nós.