Universo particular

Um bêbado fotografa o silêncio

nas ruas vazias da cidade

e nas costas

o peso da vida carrega

noite, solidão e delírios

nas esquinas

açucenas e ilusões.

As próprias ruínas dilaceram

as demências, vaidades.

Percurso de um poema livre.

Aceso nos faróis sujos de metáforas.

No mar de um universo particular

sem conceitos e eflúvios.

O poeta retrata as belezas de Miró.

As cores e o surrealismo de Salvador Dalí.

A loucura de Rimbaud e o erotismo de Safo.

Nas iluminuras

o escuro ilumina-te

nas telas e janelas sempre abertas

nascem borboletas,

lírios e gozos florescem

entre quatro paredes.

Onde os anjos se escondem

e fazem amor.

E eu te invento,

Oh realidade!

Assim diria Clarice Lispector

se ainda estivesse entre nós.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 21/09/2008
Reeditado em 21/09/2008
Código do texto: T1189446
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