Lançados em Bordeaux

Eles são viventes náufragos

lançados

à deriva

e fazem da água uma ponte

para suas vidas errantes.

Condutores sem o saber

fazem do nado

quase nada

em mergulho abissal.

Insignificam

cada onda

e cada murmúrio

num silêncio indizível

pleno de gritos.

Reverberam à margem

não chegam

não querem

quando causam susto

aos que existem

de um lado de cá

de lá

entes ausentes das metafóras

da ousadia

de querer

conhecer.

Eles estão

são ermos

do nada

em terra prenhe de cada

Aqui, as ondas são borbulhas

de vinho tinto

em vermelhidão

e as frases se esfregam com o ardor

dos amantes embriagados

Nervura, gozo e fervor.

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 21/09/2008
Reeditado em 21/09/2008
Código do texto: T1189755
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