Cá Estou Eu De Novo

E cá estou eu de novo

a pensar no que fiz

e no que não fiz.

Que ocupação,

parar pra ponderar

sobre o feito e o não feito.

Percurso austero de flores cheirosas,

de peles, de pétalas de rosas.

Caminho que leva para um labirinto,

tal que não tem fim,

tal que se perde em si,

pois é feito de nuvens

e só encontra pouso

na minha cabeça...

E cá estou eu de novo,

a deixar a porta aberta

pra sandice entrar,

como me faria bem

uma ajuda machadiana

pra revolver a loucura.

Que razão se achegará

pra tentar me iluminar,

se na frente da porta o desvario está?

Sorte se apercebe

e domestica-me os modos, os gostos,

os gestos e os afins.

E cá estou eu de novo

a ponderar sobre mim.

Só o vento

que se atreve a mexer nos meus cabelos,

só o tempo confia na minha espera.

Queria eu que a vida

fosse um mar de rosas,

com cascatas de mel,

com chuva de arco-íris.

E cá estou eu de novo

a olhar no espelho

a imagem matéria

que se forma diante dos meus olhos.

E tentando ver

se enxergo o que o espelho não consegue refletir.

O que de modo algum a aparência não consegue mentir.

Sandra Vaz de Faria
Enviado por Sandra Vaz de Faria em 19/10/2008
Código do texto: T1236425
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