** A herança do inferno**
Sentiu-se um cheiro insuportável de enxofre invadir aquele lugar,
Enorme ardor sentia-se na pele devido às chamas,
Havia sede naquele lugar,
Ouvia-se gritos, gemidos e ranger de dentes.
As pessoas viviam todas amontoadas uma as outras
Antes mesmo que a lagrima de tristeza e desespero caísse
As chamas de lá, as consumia.
Palavras de arrependimento, soavam vagamente pelo ar,
Ninguém sabia quem era quem,
E já nem pensavam em perguntar;
Toda hora chegava um novo morador,
E com ele nada trazia,
As lembranças de uma vida corrupta e cheia de delicias,
Ficaram para trás, e já não existe mais prazer.
Como foi bela a vida em que viveu!
Dinheiro, casas, carros mulheres
O quê que você trouxe de lá?
Perguntou um anjo caído.
Nada, absolutamente nada.
Disse o homem.
Disse o anjo caído?
Aqui nada se planta, aqui, nada se colhe,
Nada se tem, e nada se pode.
Veja! Sinto inveja daqueles que estão lá em cima.
Eles sentem alegria, bebem a fonte da vida;
Não existe tristeza, nem luto, nem dor, nem ranger de dentes,
Lá é calmo, tranqüilo e perfeito,
E Deus habita com eles, louvam dia e noite,
E não se cansam, vivem em comunhão.
Se eu pudesse... Disse o anjo caído.
Naquela hora chegou um homem belo e bem trajado
E disse: Saudações meu caro amigo, é um prazer ter sua alma,
Na terra te dei tudo que me pediu,
Hoje eu te pedi o que era meu como combinado,
E por herança te dou um pouco do nada que aqui há
Aquele homem olhou para cima
E viu a verdadeira herança,
Mas nada mais, pôde apreciar.
Pois o céu se fechou.