Grãos de Areia

Depois que tanto caminhei

Pela quente areia movediça

Avistei uma nebulosa miragem

Almejei pela mesma imagem

A imagem me atormentava

Em um júbilo, gargalhava

Ria da minha face lívida

Meus pés compulsivamente cansados

Calejados, cortados, sangrados, ralados

Por uma razão de um tão simples fardo

Chegar até o destino então, calado

Perdi o sono, prendi o choro em meio ao sol

Abismei-me nas quentes areias, quebrei minha concha

Mas via que não era normal, meu casco de caracol

Que não haveria um fundo até afogar no submundo

A areia então me sugou, com minhas mãos tentei voltar

Como se fosse um grão de areia entre um bilhão

Desperdiçado por um medo, medo irônico, sarcástico

Uma grande armadilha da suposta areia, escuridão

Pensei que nunca chegaria lá caminhando...

Acreditei que não seguiria sozinho, portanto relutando

Mas a miragem virou realidade diante à minha mente

A realidade da qual eu fugia, fugia de cada semente

Que brotava da minha essência, de meu sexto sentido

Uma leprosa planta adoecida pela esperança e fé

Pensei no que havia sentido, do que a vida havia sido

Havia mentido, vendido e ferido o meu pedido.

O pedido de estar quebrado ao deserto

Com areias voando sobre o teto

De almas perdidas, o céu com almas falidas.

O teto de todas o universo, estrelas feridas.

Areias de soda cáustica, penetram meus olhos

Grãos de superação, pelo destino de emoção

Doce emoção, doce concha... aonde sinto-me assim....

Tão realizado por minha vida estar um deserto...

Mas uma certa miragem sempre irá me mover

Fazendo-me assim, ferir a minha concha e sofrer

Para procurar a felicidade, tão simples vontade

De mergulhar dentre essas tão tóxicas areias...

Voltam e vão a cada momento... Pela força do vento...

Matheus Mendes
Enviado por Matheus Mendes em 28/10/2008
Código do texto: T1253069
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