Apenas sombra

Caminho

pelo fino fio da navalha

a tempestade

que castiga a terra

a mim apenas orvalha.

A linha que meu destino tece

encordoa tantas almas

que minha mente esquece.

Meus passos

vacilam temerosos

deixo sob meus pés

espaços tortuosos

trilhas cobertas de relva

que escondem a selva

que habita o meu ser

A chuva cai em grossas gotas

que mal molham

minhas roupas rotas.

Sou sombra intocável,

vulto indecifrável

que se mira no espelho quebrado

e finalmente, em silêncio

permito que minhas lágrimas

deixem meu corpo encharcado.

24/03/1996