[Ato XXII] Fundo Sono
Recorri ao comprimido da Adormecida
No negrume de uma cortina fechada.
Percebi a aspereza que não existia antes.
A luz se apresentou p'ra que eu pudesse ver -
Dentro do vidro, uma formiga saiu.
Vidro fechado, deitei-me e abracei Morfeu.
Tudo novamente na noite seguinte
Regida pelo claro de uma lâmpada.
A roedora dos meus sonhos, do vidro,
Expulsei de lá... Deixei o vidro jazendo
Dentro duma caixa dentro da gaveta.
O final das noites tristes de insônia...
Mais uma noite. Ela não apareceu.
Isolei o vidro com plástico e com durex,
De volta à caixa - gaveta trancada.
Vi chegar a manhã, que cedo abri tudo.
Sem drágeas agora, quase meia colônia
Dentro do vidro dormira fundo sono...
(CaosCidade Maravilhosa, 27 de agosto de 2007. Este poema pertence ao meu projeto "Marina em Poesia".)