A POESIA DO XADREZ

O PEÃO

Coloco o peão para frente

Como um herói de guerra

Mesmo que seja apenas

Um humilde escudeiro

De um magno cavaleiro

Ele avança de passo em passo

Mas sempre golpeia nos flancos

Mesmo com sua espada de madeira

Um anão valente e arrebatado

Pode sair vitorioso

Contra um gigante amedrontado

O BISPO

O bispo desliza suave e serenamente

E atravessa o grande tabuleiro

Numa diagonal em cruzeiro

Para abarcar o universo de madeiro

Em forma de um “X” inteiro

Os dois bispos

Por sua importância

Jamais se encontram

Nem se reúnem

Na mesma instância

Embora tenham o mesmo valor

São de raças diferentes

Um é da casa banca

E o outro – da casa de cor

O CAVALO

O cavalo relincha e rebate

E salta por todo o tablado

Invadindo todas as casas

Sem distinção de cor

Nem posição coordenada

Ele se porta como animal rebelado

Fazendo sempre a figura

De um “L” de todos os lados

Pulando como potro bravio

Um barco desgovernado

Ou um animal rebelde – e servil

Deixando-se levar pela mão

Não do seu instinto faceiro

Mas da nobre razão

E a mão habilidosa

De seu jogador-cavaleiro

A TORRE

A torre declina e se arrasta

Para frente ou para atrás

Ou para todos os lados

Mas sempre em forma de cruz

De braços ortogonais

Que se alternam

E nunca se abraçam

Formando sempre um ângulo reto

São como duas Torres-Vigias

Dispostas em lados opostos

Olhando de cada ângulo

Até o ataque total

(E de surpresa)

Quando solicitadas

Para proteger a retaguarda

De uma grande fortaleza

As torres podem também saltar

Sobre mais de uma casa

Para assumir o seu posto

E proteger o seu rei

(com um simples toque)

Ao trocar de lugar

Seja o grande

Ou o pequeno “roque”.

A RAINHA

A Rainha do jogo

É como a Grande Mãe que temos

Que governa soberana

Atrás de uma montanha de peças

E defende a todos que ama

Como uma mãe dedicada

Que resguarda seus filhos

De todas as ameaças

Saltando por todas as casas

Voando por todos os ângulos

Para proteger o tablado

E o Reino do seu Bem Amado.

O REI E O XEQUE-MATE FINAL

Ao final do jogo – o embate final

Sua Majestade – O Rei

Ao lado de sua esposa real

Encoberto por seus guardas sem voz

Como peças de um jogo de noz

Ainda que seus passos sejam miúdos

Ele é o mais valioso dos mudos

Ele é a peça central – e total

De todo o desenrolar do jogo

- E o objetivo final

É como o Sol que nos habita

Ou como o “rei na barriga”

Que nos convida sempre

Para seu xeque-mate final:

Para cortar-lhe a cabeça

E usurpar-lhe seu Trono Real

E finalmente:

Seja o cavalo,

A torre ou o bispo

A poderosa rainha

Ou o humilde peão

Do exército oponente

Todos podem derrubar

O forte Rei-Leão

Que, encurralado,

Por todos os lados

Levanta a espada

Como quem protege

O castelo que governa

Ou o coração da amada

Jamais se rende

Tenta por todos os meios

Usa todo raciocínio

Faz todas as tentativas

Até que, sem sorte,

Ou qualquer outra saída

A peça tomba – caída

Finalizando o porte

E a estratégia em vida

De uma grande partida

Um simples jogo de xadrez

É como o viver que temos

(E tão pouco vivemos)

Com suas grandes vitórias

Seguidas de simples derrotas

(E raramente um empate)

Antes do próximo embate...

Pedro Ernesto Prosa e Verso
Enviado por Pedro Ernesto Prosa e Verso em 23/04/2006
Reeditado em 26/03/2011
Código do texto: T143823
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