As Nadificações da Vida!!!
Uma vez um garoto
Por teimosia duvidou
E foi a fundo a provar
A vacuidade humana
De todos ignorada
É tudo cambiante – humano
É tudo impreciso – científico
É tudo ridículo – ritualístico
É tudo falso: o veredicto
Até sua razão deu às pernas
Quando deu consigo mesma
E assim fui ter comigo mesmo
Sem medo, sem medida
Sem valor e sem juízo
Assim tendo tornei-me claro
A vacuidade humana que buscava
Espere garoto, não parta triste
Esta vida não o merece
– disse-me a loucura –
Depois de lutar ao lado da verdade
Teve de matá-la pela liberdade
Se desejava ser verdadeiro
O foi por completo
Perdeu a razão
Tentando sê-lo
E pulou fora deste erro
Mesmo que para o abismo
Âncora, lança todo viver
À profundidade que revela
O nada – e tudo se reduz?
Tudo se desmente e inflama!
Frente ao inaudito o terror
Corrói a alma humana transpirando
Pálida como o último cigarro
Aquieta-te, sombra panovesca
Aquieta-te e vê o reflexo
Dos teus traços morrentes
Em vida, dormem mortos
Mas algo em ti ainda pulsa.
Decrépito em caminhar
Aleijado em existir
Estéril em insistir
Por que não dormes?
Pelos teus sonhos?
Aquelas velharias?
Tudo aquilo que poderias
[se pudesses?
Mas não podes
Então antes do fim... Uma carta?
Ora, uma carta!
Com mil porquês
Não pudeste em silêncio
Se despedir do dissabor
De sentir-se nada nesta vida?
Palavras parvas de um pavão
Parvo! Palavras opacas
Ante uma muralha espelhada
Teus olhos nela se vêem
E refletem as tuas profundezas
Perfeitamente incompreensíveis
Nada de ti passarás
Somente as palavras
E nada do que sentias
E nada do que pensavas
Junto delas nada há de passar
Toda palavra é um bafo de silêncio
E tudo que se sente é das palavras estranho
E tampouco compreendes isso, alma química!
Compreendesse algo, calaria teu antro de escarro
Do teu discurso compreenderão só o podre do teu hálito.
Lá vai a verdade do universo,
encerrada em um caixão,
soterrada a sete palmos do chão,
lá vai o sentido absurdo da existência,
e todos seguem o funeral da Verdade.
Gilliard-1980@hotmail.com