Cortejo das Serpentes

Eu vejo além das grades

que me prendem.

Eu vejo do outro lado do muro

o cortejo das serpentes.

Brincam,

Misturam seu veneno...

mas seu mundo é pequeno

e sua cede é a minha.

Salivam para beber

na sua boca apenas

o líquido de erva daninha.

Do que elas precisam eu sei

o que elas querem eu verei...

pois sua cede, seu mundo não mata

no meu mundo terá de buscar

Eu já vivo teu perigo,

nos meus prazeres haverão de encontrar.

Eis minha fraqueza,

um mundo de desejos em incerteza.

Meu medo não é que me tomem

para sua cede matar...

Meu medo é que queiram trocar,

e pelo seu benefício

me beneficiar.

Teu veneno não mata,

transforma,

eis que de mim

teria apenas a forma.

Seus mistérios rastejam pelo

labirinto sem fim,

quando as vejo nenhum anseio

vem a mim...

Quando imagino o que não posso ver

sinto na boca uma ânsia

pelo sabor que venho a desconhecer.

Salivo de beber

para viver...

Salivo de beber

para morrer...

Débora Castro
Enviado por Débora Castro em 19/02/2009
Reeditado em 15/05/2011
Código do texto: T1447579
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