O CIO DO BARRO

Entre o cio e a terra,

deito dedos no barro,

moldo, remexo e afago,

o húmus que este encerra.

Entre o cio e o mar

subo ondas, desfio,

fio a fio, o tear

do meu imenso fastio.

Entre o cio e a noite,

a erecção é um falos de terra

e o mar como num açoite,

explode no rosto de quem berra.

E o barro assim, já suavizado,

empresta ao momento,

o seu traço imortalizado,

nos dedos do meu alento.

Jorge Humberto

(18/12/2003)

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 04/05/2006
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