Desvario

Vivo em desatino,

Presa pela louca fantasia

Que me espreita,

Pronta a lançar o meu destino.

Covardemente encolhida,

Assustada,

Solto um grito ensurdecedor

Vindo das entranhas

Que me arranha

A garganta maculada,

Fala inútil, insensata.

Vivo aflita

A mirar...

Os olhos apáticos,

A espera de guarida.

Pés inermes

Recusam-se a correr

Envoltos na corda

Imaginária,

Que aperta a sandália,

Queima e machuca

A pele frouxa e abatida.

Vivo, mas a morte

Avassala e vigia,

Impondo um duelo atroz,

Entre meu fraco e minha sorte.

Já não ajuízo,

Pois as imagens se misturam

Transformando em medo

A lembrança do óbito

Que ainda não veio.

Sinto esvair-se todo o meu brio e

Rendo-me insana ao cruel desvario.

Lú Garcia
Enviado por Lú Garcia em 26/03/2009
Código do texto: T1506595
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