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A memória persegue meus rastros.

Por onde passo ouço os contos,

suas teses, seus reflexos.

Nas paredes brancas do corredor,

marcas das vozes,

ausências que o tempo não levou,

vestígios de um tempo que não passa.

Ações sem amor,

beijos sem pudor.

Os traços e os rostos ficam.

Caminhamos ao som da procura

dos que querem e procuram,

e procuram...

e encontram

ou não.

A lua deixa marcas

e a noite revela detalhes imorais.

Os olhos derramam sedução

que escorre rubra manchando léguas de juízo perfeito.

Com aqueles olhares gêmeos

que dificultam o óbvio

e que não dão tréguas.

Já não se tem a medida da ilusão,

pois aquelas palavras,

versos

e nomes vãos

convencem e trazem danos profundos

e lendas imaginárias.

Ficamos à vontade com o vazio das esquinas,

com o consolo da dor,

com a desordem das manhãs

e com tudo que fica da tarde.

Longa-metragem inacabado,

cicatrizes do orgulho,

suor por entre os corpos,

admirável monotonia.

E falam,

e contam,

e ouvem,

se calam.

Natalia Justino Batista
Enviado por Natalia Justino Batista em 22/04/2009
Código do texto: T1553189
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