Curvas para o Fim
Curvas para o Fim
As curvas do teu corpo são como facas no peito
Os pomos que carregas são como ponteiros acusadores
A beleza lânguida que te cercas a aura é minha solidão triste
Pois somos os mesmos que viveram no século passado
Os mesmos que habitavam há milênios
As cavernas geladas e que andavam com a flecha em riste
E aqui estamos para ver o desfechar de tudo
O fim das tuas curvas, o fim das minhas dores
A extinção daquela rua e da tabuleta da tabacaria
Voltamos e renascemos pelo pântano
Onde eu beijava tuas vestes no chão
Enquanto, nua, tomavas banho de céu
E o desligar das luzes se aproxima
Sem que eu possa ler tua literatura
Cheia de nuancias e estilos às estradas espalhada
De teu agridoce não provarei, nem olhar-te nos olhos poderei
E lerás meus versos ao fim deste corpo
Que as luzes frias levam para o nada
E se realizas minha dor de ter-te
É porque sonhando, acredito ser o anjo
Que o apocalipse vem trazer
E te desfaço aos meus olhos
Quando fechados os tenho
A ninar-te em meu desejo eterno