Curvas para o Fim

Curvas para o Fim

As curvas do teu corpo são como facas no peito

Os pomos que carregas são como ponteiros acusadores

A beleza lânguida que te cercas a aura é minha solidão triste

Pois somos os mesmos que viveram no século passado

Os mesmos que habitavam há milênios

As cavernas geladas e que andavam com a flecha em riste

E aqui estamos para ver o desfechar de tudo

O fim das tuas curvas, o fim das minhas dores

A extinção daquela rua e da tabuleta da tabacaria

Voltamos e renascemos pelo pântano

Onde eu beijava tuas vestes no chão

Enquanto, nua, tomavas banho de céu

E o desligar das luzes se aproxima

Sem que eu possa ler tua literatura

Cheia de nuancias e estilos às estradas espalhada

De teu agridoce não provarei, nem olhar-te nos olhos poderei

E lerás meus versos ao fim deste corpo

Que as luzes frias levam para o nada

E se realizas minha dor de ter-te

É porque sonhando, acredito ser o anjo

Que o apocalipse vem trazer

E te desfaço aos meus olhos

Quando fechados os tenho

A ninar-te em meu desejo eterno

Luigi Ricciardi
Enviado por Luigi Ricciardi em 01/06/2009
Código do texto: T1625741
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