ÂMAGO
Vem do âmago,
Da fonte íntima
A cristalina gota
Dum mar em ondas.
Vem sinais na face
Por onde riscos esguios
Contorcem franjas instantâneas.
Vêm as frases que contestam
Dos palanques circenses,
Mazelas obvias de gente que pena.
Vem o verso que transcende
O coração poetizado
Varando os poros da pele.
Vem do âmago
A confissão secreta
Dos amores de sigilo
E paredes alheias.
Vem a palavra-faca
Que fere fundo
A outra alma sem escudo.
Vem do âmago
O que fere a fundo
A própria alma.