A mentira

Esta corrupta verdade

Desintegra-me ao ver-la

Sufoca-me na vontade falar

Afoga-me na vontade de calar

Eu em ti nada quero despertar

Nada mais simples que o desespero em tese

O centro do mundo se resume na infância

Nada mais sentido que um estupro a personalidade

Do que um espancamento paulatino às idéias

O disfarce é como secreções imersas

As sensações distraem, desintegram o ser.

Aquele que já não é nada mais do que uma mera carcaça ambulante

Ao olhar desnudo ver-se até os ossos

Alguns no mundo usam raio-x nos olhos

Outros aderem aos tampões

O ar agora, amargo e sombrio.

Esbarra nas vozes que nos confundem

A órbita brigou com o tempo

O tempo não gostou e falou mal do som.

Temos sobre a cabeça o céu

Que inspira em todos os seres a vontade da mentira

Um céu que nos abriga a corromper nossos desejos

O silêncio se deu depois dos gemidos

A razão já nem mais existe

Platão morreu de tanto comer num certo “banquete”

Explodiu-se uma bomba atômica na forma de pensar do mundo

Eu queria em certos momentos me saciar da surdes

O inferno vazio é melhor que o céu transbordando

A dor é mais voluptuosa que um pequeno e medíocre prazer

A verdade já não mais existe!

Ton Dourado
Enviado por Ton Dourado em 31/05/2006
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