Poema pra não envelhecer

Tenho pena da morte

Com sua cara feia e enrugada

Está tão velha a coitada.

Que sempre há quem escape

Das suas mãos frias

Que nos querem guiar naquela viagem

Aquela que ninguém quer ir.

Presos a vida com algemas de vontade

Muitos, na verdade, tem medo de partir.

Milhões de anos ela tem

Nasceu junto com a primeira vida

Tão primitiva quanto a primeira célula

Tão invisível quanto a nossa fé

Tenho pena da morte

Com suas mãos trêmulas e certeiras.

Tão indesejada por muitos

Que se agarram à vida.

Como se nunca fossem deixar de viver

Já escreveu o poeta uma vez:

“A gente já nasce morrendo”

Milhares de células vão esvaindo

Esmagadas pelo fantasma do tempo

Então... envelhecemos

Tenho pena da morte

Com sua pele fria e pálida

Seu olhar de poder e maldição

Vivendo, ou morrendo, dia após dia.

Pra cumprir a sua eterna missão

E em mais um ano de minha vida

Desejei viver cada momento

Com muito sentimento e talvez, um pouco de sorte.

Também não desejo a morte

E sim, continuar vivendo.

Por isso viverei cada instante

Cada momento certo ou errante

Amado ou amante

Para os meus amigos, família e minha metade.

O melhor que eu puder ser

Pra que num dia distante

Quando vier a morte

Eu possa simplesmente dizer

A todos que conheci, no tempo em que vivi.

Foi um prazer