Falanges e Mentes

As minhas falanges escravizam,

Com o tempo, faíscas de porcelana

Que amadurecem entre os espelhos.

Lágrimas desmentidas me sobressaltam.

E as borboletas azuis não estão aqui

A enfeitar paredes nem bandejas.

Um clarim atravessa o ritmo

Com seu som que solfeja em minha mente.

As baionetas permanecem recolhidas.

Não mais veremos estilhaços de bordões

Pululando entre os destroços.

A faca, a adaga, o punhal escondidos.

Cambaleiam partículas etéreas de um vulcão

Como cinza representativa, como algodão.

E as minhas falanges não mais conseguem

Suportar o ardor de uma maldade.

Fico petrificada, agonizo, e carrego comigo

Velhos laçarotes de cetim gravados em minha memória.

São Paulo, 8 de julho de 2009.

Marcela de Baumont
Enviado por Marcela de Baumont em 14/07/2009
Código do texto: T1699149
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