Podridão

Eu olhei e olhei novamente

E cansei-me de olhar a podridão humana

Peguei uma adaga e furei meus olhos

Então não mais via e sim ouvia

A podridão humana

Peguei uma adega e arranquei minhas orelhas

E não mais via, nem ouvia a podridão humana.

Mas sentia o cheiro...

Então novamente apossei-me da adaga

E arranquei o meu nariz

Não mais ouvia, via, nem cheirava a podridão humana.

Mas eu sentia em meu corpo.

Então arranquei meus braços e minhas pernas

Eu não via, não ouvia, não cheirava e não sentia o tato.

Da podridão humana

Mas no restante de meu corpo

A podridão humana ainda se manifestava

Só então soube...

Que a podridão só deixaria de existir

Quando não mais existirmos

Pois somos podres por sermos humanos, demasiadamente humanos.

Ton Dourado
Enviado por Ton Dourado em 10/06/2006
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