LOUCURA MANSA

Não sei se sou eu uma louca mansa

ou uma perfeita idiota

um brinquedo perfeito

um idiota brinquedo

com que todos fazem questão de brincar.

Se assim sou

não entendo por que me importo

mais fácil é aquietar-me

e deixar-me brincar, diverti-los

Jogar-me pra lá e pra cá

e calar-me só

assim, como uma louca mansa,

uma idiota qualquer.

Não sei se sou eu assim

o troféu, o jogo principal

a vitória final, o prêmio maior,

a coisa controlada, arredia e calada,

um animal, um bicho qualquer.

Se for uma louca, que me prendam,

se for um jogo, que me vençam,

se for um animal, que me soltem

que abram a jaula, que me cresçam as asas,

que me deixem voar.

Que abram logo essa porta

que me deixem fugir, sair por ai, correr, partir,

curar a loucura do brinquedo preferido, ideal,

romper a corda, pular o muro,

parir as dores que eu não tive,

rir o sorriso extasiado, solto, livre, rasgado

e passar pro outro lado,

louca, mansa, fazendo parte do jogo

sem ser a carta principal.

angela soeiro
Enviado por angela soeiro em 16/06/2006
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