LOUCURA MANSA
Não sei se sou eu uma louca mansa
ou uma perfeita idiota
um brinquedo perfeito
um idiota brinquedo
com que todos fazem questão de brincar.
Se assim sou
não entendo por que me importo
mais fácil é aquietar-me
e deixar-me brincar, diverti-los
Jogar-me pra lá e pra cá
e calar-me só
assim, como uma louca mansa,
uma idiota qualquer.
Não sei se sou eu assim
o troféu, o jogo principal
a vitória final, o prêmio maior,
a coisa controlada, arredia e calada,
um animal, um bicho qualquer.
Se for uma louca, que me prendam,
se for um jogo, que me vençam,
se for um animal, que me soltem
que abram a jaula, que me cresçam as asas,
que me deixem voar.
Que abram logo essa porta
que me deixem fugir, sair por ai, correr, partir,
curar a loucura do brinquedo preferido, ideal,
romper a corda, pular o muro,
parir as dores que eu não tive,
rir o sorriso extasiado, solto, livre, rasgado
e passar pro outro lado,
louca, mansa, fazendo parte do jogo
sem ser a carta principal.