Aquela velha rua

O resto do cigarro está no chão

Junto com os restos do coração e da visão

Aglomerando-se com nossas sujeiras interiores

Deteriorando os pensamentos

Vejo grandes aflições

Em carne, osso e desilusão.

Rastejando pela rua

A mesma rua que as prostitutas vedem suas almas

A mesma rua que os ébrios caem

A mesma rua que os drogados morrem de overdose

A mesma rua que os executivos passam

E os mendigos pedem esmola

E as senhoras desfilam com seus cachorros

A mesma rua que deveria ter como nome desigualdade

Em momentos de erupção

Jorro, esbaldo, fracasso.

Ao pensar em mudança

Desce com os rios a esperança

Mas ela volta...

Fraca e inválida

Na mesma rua onde os cachorros defecam

E os amaldiçoados (por quem?) dormem.

Em certas noites, acordo desvairado.

Uma marretada acerta-me a cabeça

Não é nada apenas uma ilusão

A realidade está lá fora

Não há por que ter medo

É bem quente aqui dentro

Não há por que ter medo

Não estou naquela mesma rua...

Mas poderia estar

Ton Dourado
Enviado por Ton Dourado em 17/06/2006
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