Noite (visão parcial)
A rua desliza
ao longo
da noite escura
e vazia
os postes
se fincam
qual lanças
poças de luz
amarela.
A Eternidade
é um sonho
a tarde
a ventura
fanadas
qual flores
murchas
em um vaso
de porcelana
chinesa.
(Os cacos
qual mosaicos
estilhaços
fragmentos
de quebra-
cabeças
e pedacinhos
de vidro
dentro
de um caleidoscópio)
Qual visões
qual quimeras
a lua
se esconde
aterrada
os sonhos
invadem
a rua
e se digladiam
insones.
Em vozes
gestos e sombras
e atos por vezes
impensados
a noite desliza
tão densa
coberta de luzes
estrelas
e pisca um olho
matreiro
quando se deita
para dormir.
(16-05-85)