A CADA VEZ UM ACASO

A CADA VEZ DE UM ACASO

Os prazeres do imaginário

como um sopro despojado de melodia

um jorro contínuo de imagens e figuras

sem ordem nem lógica

é sequer um refluir em narrativas

- como o choro e grito das Fúrias

a crise das Erínias

a fome das Moiras -

e chegam a mim

na mais completa penúria

A horizontalidade da fala da amante

passando como um rio perpétuo

exala uma história de amor

que o faz escravo de outra amante

sem clara intenção de moral ou qualquer lição

Amar é estar doente

O mundo lhe deve a cura

Desencorajando a intenção do senso

é necessário uma ordem sem signos

Não se deve construir monstros

no caso

monstros que seriam virtudes

Uma certa filosofia do amor

Uma certa afirmação de uma alegria

crônica e cômica

O apaixonado é montado de pedaços

Uma criatura de suspiros e lágrimas

- franquenstain vivo ma non troppo -

partes costuradas, membros alienados

sobras da própria vida

um banquete platônico

onde o homem é uma ponte entre dois mundos

Eu que amo

assumo a arrogância dos meus pecados

e em troca eu quero

a continuidade de sua pele

a memória de lugares

a inocência do imaginário

o seu vazio o

COELHO DE MORAES
Enviado por COELHO DE MORAES em 03/07/2006
Código do texto: T186695